8.14.2006

Em cena










8.06.2006



A Precariedade do Ser


A precariedade do ser é a temática central sob nosso ponto de vista no texto “Quarto de empregada” de Roberto Freire. Ao aproximarmos a Teoria Expressionista, o Teatro da Crueldade e a dança japonesa do Butoh buscamos caminhos que nos levam a encontrar essa angústia existencial percebida neste texto.
Os personagens protagonistas Rosa e Suely, duas domésticas, apresentam uma profunda desorientação não conseguindo apoio algum no universo externo do seu mundo, ou seja, do seu quarto. Assim esses personagens contorcem-se perdidos diante de um mundo cruel, alucinado e moribundo, onde nada responde aos seus gritos. Vida e morte, individuação e engrenagem social, liberdade e escravidão voluntária essas são as categorias de pensamentos que norteiam a contraposição de nossos personagens. Através de um drama realista, nossa proposta cênica é expressionista, Roberto Freire toca com extrema precisão demonstrando os seus valores anárquicos denunciando as células cancerígenas do enfraquecimento do indivíduo e da sua liberdade.
A idéia de que o sujeito alienado aprisionado por universo insuportavelmente incerto cabendo a si postar-se no limite indefinido entre o Eu e o Não Eu, é a idéia matriz de nossa proposta de encenação. Como Kafka no Conto “A Toca” Roberto Freire coloca no seu “Quarto”, símbolos das justificativas auto-indulgentes da consciência, sufocada pelos perigos, dos Argemiros e Donas Martas da vida. “Quarto de Empregada” sugere que a existência é um confronto entre o Eu e o Não Eu, entre o reino da metafísica e as aterrorizantes circunstâncias da materialidade humana. Encarando este eixo identificamos potencialmente essas três linhas estéticas como caminho a ser percorrido e pesquisado pelo nosso cotidiano. O nosso ponto de partida é o sentimento de despontencialização do Ser, o desânimo, e dor. Assim o texto cria uma vibração emocional no espectador liberando questões subjetivas: Onde Estou? Quais são os meus pontos de referencia? Se não posso confiar nas aparências como posso me proteger contra as ameaças da realidade externa? Como posso definitivamente afirmar a minha soberania?!!

Sinopse


O texto tradicionalmente se caracteriza pelo confronto de gerações.Rosa, doméstica sexagenária, trabalha com Sueli, uma jovemdoméstica que sonha com uma vida diferente. Sueli está grávida de um homem chamado Argemiro, militar de carreira, daí nasce todo drama. Sueli aguarda Argemiro que nunca aparece, enquanto Rosa tenta encaminhar uma solução para a situação. Quando o desespero toma conta da cena o mundo das duas personagens desaba revelando verdades, sonhos, desilusões e a fragilidade da Existência que permeia a atmosfera daquele “Quarto de empregada”.


Concepção


A nossa concepção cênica busca utilizar, em princípio, um texto realista como este de Roberto Freire e colocá-lo dentro de uma perspectiva expressionista.

Cenário - Visando retratar a atmosfera opressora do meio social presente no texto, de forma expressionista, optamos pelo esvaziamento da cena condensando todas as referências num único símbolo a cadeira de balanço (tempo, solidão, pobreza, envelhecimento, caixão, morte, fragilidade entre outras). O espaço cênico é delimitado por um linóleo de 5x4m o que possibilita a concentração de foco dando a impressão das personagens se movimentarem no espaço, no vácuo ou no limbo.

Figurino - Baseando-se na Dança de Butoh os figurinos cromaticamente obedecem aos princípios energéticos e estéticos desta linguagem. O branco (terra) caracteriza a energia masculina austera, inflexível e sedentária enquanto o vermelho caracteriza a energia feminina expansiva, procriadora e libertária.

Iluminação - Buscando uma atmosfera asfixiante, opressora e depressiva a iluminação trabalha concentrando a luz em focos valorizando o jogo de sombra e luz. As cores utilizadas são o sépia, o azul, o roxo, o âmbar e o branco.

Maquiagem - Optar por maquiar o corpo dos atores visa reforçar a idéia espectral das personagens colocando-as como arquétipos expandindo o desenho realista do texto.

Músicas e Trilha Sonora - Obedecendo aos mesmos princípios das áreas anteriores a sonoridade do espetáculo é minimalista trabalhada na contraposição: som e silêncio.

Interpretação - Calcada no princípio da dilatação temporal e energética utilizada no Butoh juntamente com o princípio de transe utilizado pelo Teatro da Crueldade nós buscamos a transcendência como fio condutor do jogo teatral remetendo o universo dessas personagens, construído na realidade, um sentido metafísico e transcendental.

Lino Rocca

Premiado diretor teatral, Lino Rocca é Bacharel em Artes cênicas com especialização em Direção Teatral e Cultura Popular pela Uni-Rio em 1994. Trabalhou com alguns dos mais importantes grupos de teatro da contemporaneidade como: Odin teatret, Fondazione Pontedera di teatro, Teatro Potlach, Táscabile di Bergamo entre outros. Foi assistente de direção de João Bitencourt, consagrado dramaturgo nacional, e José Renato, fundador do Teatro Oficina e Teatro de Arena, marcos do teatro brasileiro. Premiado nacionalmente em diversos festivais como: Festival Universitário de Blumenau, Veiga de Almeida, Jovens Talentos, São Mateus, Fetaerj e vários outros.Lino Rocca é uma das mais significativas personalidades culturais da Baixada Fluminense, durante anos trabalhou no Sesc-Rj fomentando a cultura da região, promoveu os Encontros de Teatro no Sesc Nova Iguaçu e posteriormente criou juntamente com outros companheiros de profissão, o EncontrArte , um dos eventos teatrais mais significativos do Estado do Rio de Janeiro.

Abílio Ramos

Abílio Ramos é ator, diretor e administrador teatral formado pela PUC de Curitiba Teatro Guairá e pós-graduado pela UNIRIO. Administrou o teatro da Casa da Gávea trabalhando com os nomes mais expressivos do teatro carioca como: Paulo Betti, Cristina Pereira, Antonio Grassi, Gerald Thomas, Denise Stoklos entre outros. Atuou em diversos espetáculos: “Esperando Godot”, “Cronópios e de Famas”, “Pequenos Burgueses” e em vários outros. Atualmente é responsável pelo curso de teatro do SESC de São João de Meriti e coordena dirige a Cia de Atores de Copacabana dirigindo os seguintes espetáculos:” O triste fim de Policarpo Quaresma”, “Primeiro de abril” , “ Romeu e Julieta”, “ No Natal a gente vem te buscar”.

Vânia Santos

Vânia Santos é atriz profissional e circense formada pela Escola Nacional de Circo foi fundadora do extinto grupo teatral “Os Andarilhos”, reconhecido grupo da Baixada Fluminense, sendo premiada nacionalmente como : Festival de teatro de São Mateus. Atuou nos seguintes espetáculos: “Poetradas- Performance Lírica de Rua”, “A viagem de Pedro o Afortunado”, “Tragicomédia de Sinhá Rosita e seus Amores”, “ A perseguida” (espetáculo premiado nacionalmente) e “ A cartomante”.Trabalhou com Teatro Anônimo, Moitára, Lume Núcleo Interdisciplinar de Campinas.

Ficha Técnica

AUTOR: ROBERTO FREIRE
DIREÇÃO: LINO ROCCA
MÚSICAS E TRILHA SONORA: CHIQUINHO ROTA
CENÁRIO E FIGURINO: VÂNIA SANTOS
ILUMINAÇÃO E PROGRAMAÇÃO VISUAL: WANDICK MARCIO
PRODUÇÃO GRÁFICA: ANGELA NOBRE
ASSESSORIA DE IMPRENSA: TEXTO&CONTEXTO
COSTUREIRA: ZILMAR MEDEIROS
CENOTÉCNICO: EDSON SANTOS
FOTOGRÁFOS: ALZIRO XAVIER e PAULO SANTOS
VÍDEO E DIVULGAÇÃO ÁUDIO-VISUAL: ARTVÍDEO

ELENCO:
ABÍLIO RAMOS - ROSA
VÂNIA SANTOS - SUELY

CONTATOS
LINO ROCCA: (21) 3768 9870 / (21) 9667 6628 -
linorocca13@yahoo.com.br
ABÍLIO RAMOS: (21) 2549 7665 / (21) 8209 5971